Caminhoneiros culpam falta de fiscalização para tantos roubos de cargas nas estradas de Minas

Por Aécio Gonçalves 03/08/2017 - 18:27 hs

Não faz nem um mês que a Polícia Rodoviária Federal suspendeu alguns serviços por falta de verba. Entre eles, certos tipos de escoltas, operações e atendimento ao público que, agora, tem horário reduzido. Semanas após o contigenciamento, quem trabalha com transporte de carga ou trafega pelas estradas de Minas sente a diferença na segurança.

O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Triângulo Mineiro (Settrim), Cleiton Cesar da Silva, diz que, além do atual momento econômico do país, a falta de fiscalização tem contribuído para o aumento da criminalidade nas rodovias da região.

"Principalmente nos últimos dias, com a paralisação de parte da PRF, que teve uma redução na verba de 40%. Eles estão impossibilitados de fazer o patrulhamento necessário. Se você sair nas rodovias federais hoje, não vê mais viaturas fazendo patrulhamento. Você vê viaturas e policiais parados nos postos de fiscalização, sem condição de se locomoverem. Isso nos deixa muito inseguros", revela Cleiton.

O caminhoneiro Wendel, que trafega pela região, confessa que teme trabalhar eno período noturno. "Hoje em dia a gente nem roda à noite mais por causa de assalto, porque o policiamento aqui é muito pouco. É muito perigoso rodar de noite", conta.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Norte de Minas (Sindinor), Antônio Henrique Sapori, também reclama da insegurança. "Muitos policiais têm interesse em ajudar, mas ficam enxugando gelo porque, quando chega no poder onde realmente as coisas tinham de ser solucionadas, não há o interesse."

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, quem passa pelas rotas do medo também tem queixas. O caminhoneiro Welbert de Jesus Santiago relata que a segurança já foi melhor. "Hoje a gente quase não vê mais policiais do lado de fora do carro nas BRs. E está só diminuindo o número de policiais. Acredito que isso é culpa do governo, que precisa dar um incentivo, não só a eles, como a todos nós", critica.

A Polícia Militar Rodoviária é outra que auxilia na patrulha das estradas do estado. Mesmo com os números apontando um aumento na quantidade de roubos a cargas, o tenente Pedro Barreiros diz que o efetivo tem capacidade de cuidar de toda a malha rodoviária que é de competência da corporação.

"Em pontos estratégicos, onde as estatísticas apontam para a gente até mesmo o número de acidentes, conseguimos fazer algumas operações e abordamos esses veículos pesados que, muitas vezes, estão com algum produto que foi furtado ou que está com carga roubada. Nosso policiamento é suficiente para fiscalizar as rodovias, trazer segurança aos condutores e realizar as abordagens", garante.

Em nota, a PRF explica que, em relação ao contingenciamento orçamentário, os deslocamentos de viaturas continuam restritos ao atendimento de ocorrências emergenciais. Além disso, destaca, o serviço de escolta de cargas superdimensionadas está suspenso, todas as operações que estavam planejadas mas não iniciadas foram canceladas e o horário de atendimento ao público nas áreas administrativas reduzido.

Fonte: Itatiaia